Revista Indústria Brasileira

Na outra ponta do país, em Sapucaia do Sul (RS), outra história de superação tem como protagonista o gaúcho Marce- lo Matos, que ficou cego aos 15 anos. As inúmeras cirurgias feitas na tentativa de evitar o descolamento de retina não foram suficientes para que ele recuperasse a vi- são. Aos 23 anos, ele descobriu que o SE- NAI de Canoas, cidade vizinha, tinha va- gas abertas para pessoas com deficiência e se matriculou no curso de Manutenção de veículos a diesel. Pouco tempo depois foi contratado na General Motors. “A empresa ainda não tinha ninguém cego no quadro de pessoal, mas resolveu me dar a oportunidade”, conta. Marcelo está na empresa há 14 anos e trabalha como au- xiliar de produção na linha de montagem. É sua responsabilidade conferir se os farole- tes estão funcionando. Mas como um cego faz esse trabalho? “A GM desenvolveu, pra mim, um sistema com um bip. Quando o farolete liga, ouço o bip”, explica. Para Marcelo, trabalhar em uma gran- de empresa foi um desafio, mas a adap- tação com o maquinário e com os cole- gas de equipe, e vice-versa, foi tranquila. “Fui o primeiro cego a trabalhar na unida- de, então claro que teve todo um processo de adaptação. Estudar no SENAI me abriu várias portas. Se não fosse por ele, não es- taria na GM”, diz. RESULTADOS Samuel e Marcelo fazem parte de um grupo de cerca de meio milhão de pessoas com deficiência (PCDs) que têm emprego formal no Brasil. De acordo com a última Re- lação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério da Economia, o número de PCDs com carteira assinada aumentou 10% entre 2017 e 2018, passando de 441 mil para 487 mil, segundo o dado mais recente. O SENAI tem contribuído de forma importante para essa inclusão. Desde 2007, quando se iniciou o Progra- ma SENAI de Ações Inclusivas (PSAI), já pas- saram pelas salas de aula da instituição 232.295 pessoas com algum tipo de defici- ência. Por meio do programa, esses estu- dantes são incluídos nos cursos regulares, com os demais alunos, proporcionando a to- dos o aprendizado diário por meio da convi- vência com as diferenças e com a superação dos limites de cada um. Já o material didáti- co é adequado às necessidades específicas de estudantes com deficiência. ▶ Aplicativo SENAI Libras, criado por docentes e instrutores, traduz mais de 700 termos técnicos da educação profissional 44 Revista Indústria Brasileira ▶ mês 2020 ▼ SESI/SENAI/IEL

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