Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 30 | Fevereiro 2019

Competitividade empresas cujo valor médio exportado no biênio 2015/2016 foi igual ou superior a US$ 80 mil. No total, foram analisados na pesquisa 50 itens que caracterizam ati- vidades de comércio exterior. Durante o estudo, a empresa indicava o impac- to de cada proble- ma em seu proces- so de exportação nos últimos dois anos, utilizando uma escala de 1 a 5, na qual: 1 repre- sentava nenhum impacto; 2, pou- co impacto; 3, im- pacto moderado; 4, muito impacto; e 5, um entrave crítico. A análise dos resultados somou as respostas 4 e 5 para chegar ao quadro de proble- mas que afetam mais intensamen- te a maior quan- tidade de empre- sas. Além disso, a análise foi feita re- gionalmente e por porte empresarial. “As empresas que par ticiparam da pesquisa são ex- portadores com mais de dez anos de ex- periência com comércio exterior e já vi- venciaram muita coisa. Então, há muito fundamento quando elas identificam que um problema é crítico”, explica Diego Bo- nomo, gerente-executivo de Assuntos In- ternacionais da CNI. A principal barreira apontada pelas empresas foram as elevadas tarifas cobra- das por portos e aeroportos. Mais da me- tade das empresas (51,8%) disseram que esse é um entrave que impacta muito ou impacta criticamente os seus negócios. Além disso, entraram na lista dos princi- pais obstáculos a dificuldade que as em- presas enfrentam para oferecer preços competitivos (43,4%), as elevadas taxas cobradas pelos mais de 20 órgãos anuentes (41,9%) e o custo do transporte doméstico, isto é, do deslocamento da produção des- de a empresa até o ponto de saída do país (41%). “Grande parte dos nossos produ- tos é escoada por meio das rodovias. Por isso, a pesquisa reforça a necessidade de melhorarmos nosso sistema de transpor- te”, afirma Abijaodi. A legislação da área foi considerada complexa e pouco efetiva por 36,6% das empresas, que lembraram, ainda, da ausência de um código único de comércio exterior (36,7%). OS AVANÇOS O levantamento identificou, também, al- guns avanços na área, entre eles uma dimi- nuição do tempo gasto na aduana, graças à criação do Portal Único de Comércio Exte- rior e do Operador Econômico Autorizado, programas implementados nos últimos qua- tro anos e que deram celeridade ao proces- so de certificação das empresas. Além de mostrar entraves e avanços, a pesquisa fornece dados para auxiliar enti- dades ligadas ao setor e o governo a identi- ficarem gargalos e realizarem as necessárias mudanças. “A pesquisa serve, sobretudo, para indicar as políticas públicas prioritá- rias a serem seguidas, de forma a aumentar a competitividade das exportações brasilei- ras. Além disso, tem um relevante efeito di- dático: são problemas enfrentados por qua- se todos os exportadores e que, portanto, não podem ser resolvidos ad hoc – como muitas vezes as empresas insistem em ten- tar fazer”, analisa o especialista em defesa comercial e negociações internacionaisWel- ber Barral, ex-secretário de Comércio Exte- rior (2007–2011) e sócio sênior na consulto- ria BMJ Consultores Associados. A politica de comercio exterior foi eleita como um dos principais pilares da compe- titividade no Mapa Estratégico da Industria 2018-2022 . Um país com comércio exterior forte é mais integrado ao mundo, mais pro- dutivo e gera mais receita para o balanço de pagamento interno. Porém, apesar de ser uma das dez maiores economias do mun- do, o Brasil está em 26º lugar como expor- tador mundial de bens, o que correspon- de a apenas 2% das exportações globais. A pesquisa nos mostra que há muitos problemas que são domésticos e que demandam mudanças dentro do Brasil. Precisamos de medidas para facilitar o comércio internacional e modernizar as nossas operações” ▲ Carlos Eduardo Abijaodi diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI 34 Revista Indústria Brasileira ▶ fevereiro 2019

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