Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 30 | Fevereiro 2019

Capa Quando o barco-escola do SENAI, o Sa- maúma, chegou a Itapiranga, em 2010, dona Inácia viu uma oportunidade. Ela e Ademir fizeram o curso de Doces e Salgados e, a par- tir daí, resolveram expandir os negócios. Hoje, com as marmitas, além da venda des- ses quitutes, o casal multiplicou sua renda. “Com esses trabalhos ganho três vezes mais do que na escola. É esse dinheiro que paga a faculdade de psicologia da nossa filha, em Manaus, além de moradia, transporte e ali- mentação. Tudo graças ao Samaúma”, diz. Em setembro de 2018, o Samaúma retor- nou a Itapiranga. Dona Inácia não perdeu tempo e se matriculou novamente, dessa vez para as aulas de Pizzaiolo. “Aqui não há cursos como esses do SENAI e eu não tinha condição de ir pra Manaus estudar. Imagine, teria de pagar um curso, hospedagem, trans- porte… E com que dinheiro?”, completa. Além de dona Inácia e seu Ademir, ou- tras 60 mil pessoas que moram em 65 mu- nicípios do Amazonas, do Acre, do Amapá, de Rondônia, de Roraima e do Pará fize- ram cursos nos dois barcos-escola do SE- NAI e tiveram suas vidas transformadas. Inaugurado em fevereiro de 1979, em Tefé (AM), o projeto de unidades fluviais do SE- NAI fomenta o microempreendedorismo na Região Norte com cursos inteiramentes gratuitos para a população, uma grande ação social do Sistema Indústria. Para a CNI, o Samaúma representa um resgate da sociedade brasileira com rela- ção ao povo da Amazônia e a oportunida- de de levar educação de qualidade e co- nhecimento para os moradores da região. Por meio do ensino técnico e profissional, na avaliação da entidade, os trabalhadores adquirem melhores condições de terem uma profissão, o que reflete na emprega- bilidade e na renda da população. Além disso, a melhora na capacitação da popu- lação contribui para que a Amazônia ga- nhe, cada vez mais, em relevância na eco- nomia brasileira. De acordo com o presidente da Federa- ção das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), Antonio Silva, os dois barcos Sa- maúmas têm importância vital para a re- gião. “Com os barcos, o SENAI leva cidada- nia para o interiorano que fica à margem de tudo o que ocorre nos grandes centros urbanos. As distâncias são imensas de um município ao outro onde, muitas vezes, só é possível chegar de barco. Aqui, os rios co- mandam as nossas vidas”, destaca. As viagens do Samaúma são defini- das, previamente, pelo SENAI em parceria com as prefeituras. O barco fica, em cada CIDADANIA NAS ÁGUAS DA AMAZÔNIA Início das atividades: 17 de fevereiro de 1979 93,5 mil km navegados, o que equivale a 2,3 voltas na Terra 160 viagens 60 mil alunos 65 municípios atendidos 34 cursos oferecidos, todos gratuitos: Confeiteiro industrial, instalador elétrico residencial, mecânico de motor de popa, padeiro, pedreiro, reparador de condicionador de ar, empreendedorismo, entre outros. Em 40 anos de história, dois barcos mudaram a vida de milhares de brasileiros 20 Revista Indústria Brasileira ▶ fevereiro 2019

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