Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 31 | Março 2019

▼ Capa melhorar a formação básica de ensino. “Os alunos estão sendo formados com defici- ência em matemática, em física e em álge- bra. Ou seja, na parte básica de exatas, que é muito conectada à indústria, essa forma- ção básica está aquém da oferecida em paí- ses asiáticos, europeus e americanos. Então qualquer função e especialização nova exige uma base sólida e a primeira preocupação é garantir que estamos formando alunos que tenham esse bom nível de qualificação”, diz Heinzelmann. Sem essa formação, diz ele, “você não pode esperar que depois se tenha profissionais que vão conseguir se especia- lizar em funções tão técnicas e específicas”. ENSINO PÚBLICO Nessa etapa o Estado tem um papel im- portante, segundo a professora Regina Ma- dalozzo, do Insper. “A grande maioria das pessoas que vão procurar emprego conti- nuam sendo educadas pelo sistema públi- co, que é de baixa eficiência, baixa quali- dade e que não está preparando as pessoas para esse futuro do emprego”, critica. Para JaquelineWeigel, diretora daWFu- ture School, o trabalhador em geral preci- sa começar a se qualificar para fazer parte do mundo digital e se preparar para as no- vas profissões que estão chegando. “Isso não significa que todos precisem fazer progra- mação de dados, mas estudar e fazer cursos fora de sua área. E aqui temos um problema: as pessoas que estão lidando com necessida- des de sobrevivência não conseguem tempo para olhar para esse futuro que já chegou. As pessoas estão acostumadas a ficar no seu mundo, naquilo que já dominam, mas to- dos nós vamos precisar aprender coisas no- vas”, afirma. MULHERES NO MERCADO Madalozzo destaca ainda a importância da flexibilidade do local e da jornada de trabalho como características dessa nova revolução industrial que criam oportuni- dades para maior inserção e consolida- ção das mulheres no mercado de traba- lho de maneira mais igual que no passado. A questão, segundo ela, é fazer com que meninas percebam, desde cedo, que terão espaço em profissões predominantemen- te ocupadas por homens, seja no nível téc- nico ou no universitário. “Um trabalho flexível e que exija uma forma diferente de pensar traria uma in- serção maior das mulheres do que hoje em dia a gente tem, mas o grande problema é a baixa escolha das mulheres por cursos que levem em conta a engenharia, a física e a matemática, o que pode dificultar o acesso delas no futuro a essas novas profissões”, diz a professora do Insper, responsável por estudos ligados à economia do trabalho e a questões de gênero. Para Hudson de Araújo Couto, vice-pre- sidente da Associação Mineira de Medicina do Trabalho (AMINT), essa nova revolução industrial também afeta a saúde e a quali- dade de vida do trabalhador. Segundo ele,      ▶ Fonte: Future of Jobs Survey 2018, Fórum Econômico Mundial 14 Revista Indústria Brasileira ▶ março 2019

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