Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 31 | Março 2019

Baron, também técnico emmecatrônica pelo SENAI, cita três habilidades que con- sidera necessárias para o profissional do futuro: pesquisar e aprender; programar, mesmo para quem não vá trabalhar como programador; e lidar com mudanças e in- certezas. “Hoje em dia o panorama de pro- fissões está mudando muito rapidamente e precisamos saber encarar as mudanças sem ser de forma negativa, como é da natureza humana, mas como uma oportunidade para melhorar”, diz o engenheiro. Para Regina Madalozzo, do Insper, não adianta ensinar uma tarefa a ser feita se o aluno não aprender a resolver proble- mas. “Porque os problemas vão aparecer de formas diferentes e ele vai ter que ter essa habilidade de identificar o que pode ser feito”, diz a professora. Segundo ela, é difícil prever quais serão as profissões do futuro, mas é preciso manter o espíri- to de que elas vão surgir. PROFISSÕES QUE ACABAM Na opinião do professor Paulo Feldman, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), real- mente há uma dúvida enorme sobre o futu- ro do trabalho. “Certamente profissões no- vas serão criadas, mas é impossível prever quais serão essas novas profissões e ativi- dades. Hoje há uma certa clareza naquilo que será eliminado. Profissões com ativi- dades repetitivas como a de contador, au- ditor, corretor de imóveis e motorista de caminhão são algumas das profissões que serão eliminadas”, aposta. Mas ao contrário do que aconteceu em outros momentos, diz Feldman, a revolu- ção industrial em andamento também está fechando postos que exigem maior qualifi- cação. “Na Califórnia já há robôs que usam inteligência artificial para elaborar recur- sos administrativos contra multas de trân- sito”, comenta o professor da USP. Segun- do ele, exemplos como esse se reproduzem em todos os setores da economia mundial e ilustram um processo novo, no qual a inteli- gência artificial está cada vez mais presente. Paulo Feldman conta que o mesmo robô que faz as vezes de advogado consegue ler Análise de Big Data de usuário e entidade Mercados habilitados para aplicativos e web Internet das Coisas Aprendizado de máquina Computação em nuvem Comércio digital Realidade aumentada e virtual Encriptação Novos materiais Tecnologias vestíveis Blockchain Impressão 3D Transporte autônomo Robôs estacionários Computação quântica Robôs terrestres não humanóides Biotecnologia Robôs humanóides 0 20 40 60 80 AS TECNOLOGIAS QUE AS EMPRESAS DIZEM PRETENDER ADOTAR ATÉ 2022 (Por proporção de empresas) mil tomografias por hora, trabalho que pre- cisaria ser feito por muitos médicos e exi- giria um prazo maior. “Profissões mais va- lorizadas e intelectualizadas hoje em dia também estão sob ameaça e afetam direta- mente a classe média”, argumenta. Citando o sociólogo alemão Wolfang Streeck, autor do livro “ HowWill Capitalism End? ”, Feldman defende que a inteligência artificial e o uso de robôs capazes de aprender vão fazer com a classe média o que a mecanização fez com a classe trabalhadora nos séculos 19 e 20. Alguns especialistas dizem que as neces- sidades de adaptação e aprendizado não afe- tarão apenas trabalhadores, sejam de classe baixa ou média. Atingirão também os donos e dirigentes de empresas. Segundo Gilber- to Heinzelmann, CEO da Zen, metalúrgica do setor de autopeças de Brusque (SC), “os empresários precisam ser exemplos vivos das mudanças, estarem dispostos a se atua- lizar, entenderem o potencial de cada trans- formação e criarem incentivos para o movi- mento de atualização”. Embora considere importante a especia- lização, Heinzelmann, que é engenheiro me- cânico por formação, diz ser fundamental ▲ Fonte: Future of Jobs Survey 2018, Fórum Econômico Mundial 13 Revista Indústria Brasileira

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