Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 31 | Março 2019

▼ Capa Paulo Alves, especialista em educação do Serviço Social da Indústria (SESI), expli- ca que essa metodolo- gia de ensino preci- sa ser assumida por toda a escola e não por um ou outro professor, uma vez que exige também mudar a formação dos professores e reorganizar as salas de aula. “Se eu tenho uma sala de aula de ro- bótica isso não signifi- ca que vamos trabalhar com metodologia ativa somente nessa sala. Ou seja, o aluno não pode chegar à aula de história, geografia ou de outra dis- ciplina e ter uma aula apenas expositiva”. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS “É preciso trabalhar com a resolução de problemas que envolvam pesquisa para que se saiba fazer algo com o que se aprende”, defende Paulo Alves. “O tipo de competência que a gente desenvolve com essa abordagem STEAM é o estímulo à au- tonomia, ao protagonismo, ao pensamen- to crítico, à criatividade, à colaboração e à inovação”, explica. Para o especialista, outras características relacionadas a essa abordagem são a gestão de tempo e o es- tímulo ao empreendedorismo, exigências das profissões do futuro. “Não se busca mais um profissional que espera uma ordem dada, que só age conforme a tarefa designada. Espera-se cada vez mais autonomia, inovação e co- laboração”, diz Alves. Segundo ele, a ciên- cia e a engenharia das coisas são cruciais para explicar como fazer, como construir e como resolver problemas. Os torneios de robótica e as Olímpiadas do Conheci- mento do SESI e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) são, na opinião do especialista, um ótimo exem- plo de prática de ensino que ajuda os es- tudantes a desenvolverem produtos e solu- ções que utilizem conhecimento aplicado. NOVAS PROFISSÕES O empresário Paulo Souza diz que as ino- vações tecnológicas estão criando novas profissões, substituindo atividades repeti- tivas desempenhadas pelos trabalhadores e permitido que as pessoas tenham diversas atividades profissionais ao longo da vida. Ele mesmo é um exemplo dessa mudança no mercado de trabalho, que exige novas ha- bilidades e competências de empresários e profissionais. Aos 52 anos, Souza está atual- mente em sua terceira carreira profissional. Depois de um mestrado no Canadá, traba- lhou na área de telecomunicações e, desde 2014, virou um empreendedor digital. “Hoje trabalho unindo os diversos co- nhecimentos que adquiri”, afirma ele, cuja empresa começou dentro de uma incuba- dora no SENAI do Paraná. “Até nisso já evo- luímos. Em 2014 era uma incubadora, mas hoje o centro de inovação é uma acelerado- ra de startup”, comenta Souza, que emprega diretamente 22 desenvolvedores distribuí- dos nas diretorias de B ig Data , IoT, ciberse- gurança e digital mobile . As inovações tecnológicas estãomudando o ambiente de negócios, que ainda vai passar por profundas transformações. Elas criam novas maneiras de realizar o trabalho, alte- ram o perfil exigido dos profissionais e tam- bém as relações entre eles e as organizações emque trabalham. Esse conjunto de mudan- ças gera desafios de adaptação para empre- gadores, profissionais e a sociedade. E, ape- sar do desemprego elevado, as empresas têm dificuldade em encontrar profissionais qua- lificados, afirma a professora Maria Thereza Fleury, da Fundação GetúlioVargas (FGV-SP). Por isso, diz ela, o jovem que está entran- do no mercado de trabalho precisa cada vez mais investir em desenvolver todas as suas competências. “E isso não significa apenas ficar olhando seu celular para ver o que tem no Facebook. É preciso combinar o acesso às tecnologias com aquela educação mais profissional, que ofereça uma formação boa em línguas, em matemática e em conheci- mentos gerais, que te ajudem a analisar e a interpretar o que está acontecendo naque- le momento. E isso não é trivial”, comenta a professora da FGV. ▲ O ensino pode ser mais lúdico e eficiente, diz Paulo Souza, da Ubivis F: divulgação 10 Revista Indústria Brasileira ▶ março 2019

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