Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 3 | nº 28 | novembro 2018

Foto: divulgação hoje no que os economistas chamam de hiato, com capacidade ociosa ele- vada, temos um caminho fácil de recu- peração econômica. O que se precisa é, ao longo desse caminho, gerar uma confiança mais estrutural, para que a recuperação venha de investimentos, que é a melhor maneira de termos um crescimento sustentado. Além da reforma da Previdência, o que mais precisa ser feito na área fiscal? Enquanto avançamos na reforma pre- videnciária, temos outras agendas acon- tecendo, como as privatizações e conces- sões. Temos um marco, que é a questão da Previdência e, sem resolver isso, que é parte importante do ajuste, fica mais complicado avançar. Mas há outras me- didas que podem ser adotadas para re- duzir o déficit, porque a reforma da Pre- vidência vai ajudar ao longo do tempo. Entretanto, no curto prazo, tem de sair de um déficit e entrar em superávit, de uma maneira gradual, mas tem de fazer esse processo. Na medida em que as pessoas tiverem mais confiança na sustentabili- dade, elas terão mais confiança também no seu negócio, no seu emprego e irão to- mar mais atitudes de longo prazo, como comprar um carro, comprar uma casa, fa- zer o investimento numa nova planta in- dustrial ou construir um empreendimen- to. Enquanto não houver essa confiança, não serão feitos investimentos. E do ponto de vista da política monetária? Essa é a parte mais tranquila da agenda econômica. A inflação está baixa, há bastante espaço de cresci- mento da economia sem gerar pressão inflacionária e a taxa básica de juros (Selic) está numa posição que ajuda muito esse processo de recuperação. Não tem nenhuma situação de urgên- cia na política monetária. A taxa de ju- ros deve subir um pouquinho ao longo de 2019, mas deve sair de 6,5% ao ano para algo em torno de 8% ou 8,5%, que continuarão sendo juros bastan- te baixos para o padrão brasileiro. E essa taxa não atrapalha a economia. Mas os juros para capital de giro ainda são elevados. Como resol- ver isso? Para resolver isso, você tem duas coisas. A primeira é que a inadim- plência futura deve ser menor que a atual, o que permite reduzir o spre- ad bancário. E a segunda são as re- formas microeconômicas. Tem muita coisa a ser feita para reduzir o spre- ad bancário. Não estou aqui para de- fender banco, mas os juros são altos porque temos uma cunha fiscal eleva- da, custos regulatórios, insegurança dos contratos, garantias inadequadas e um monte de outras coisas. Essas reformas microeconômi- cas podem ser feitas em parale- lo enquanto se avança na refor- ma da Previdência? Elas devem e serão feitas de manei- ra paralela. Elas são muito importantes, mas são mais fáceis de serem aprova- das porque exigem um quórum menor no Congresso Nacional ou podem ser feitas por normas do Poder Executivo. Ex-diretor do BC acredita em elevação da taxa básica de juros em 2019 para algo em torno de 8,5% ao ano OUTUBRO 2018 INDÚSTRIA BRASILEIRA 23

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