Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 3 | nº 28 | novembro 2018

TUDO PRONTO PARA A RETOMADA O ECONOMISTA LUIZ FERNANDO FIGUEIREDO ACREDITA QUE A RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA DEPENDE DA CONFIANÇA QUE SERÁ DEPOSITADA NO FUTURO GOVERNO O Brasil está pronto para recuperar um crescimento econômico sustentado, mas é preciso, primeiro, aprovar a re- forma da Previdência Social, afirma Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Ca- pital e ex-diretor de política monetária do Banco Central. Ele compara a situ- ação do Brasil a de um atleta que está pronto para correr, mas foi proibido de respirar. “O nosso oxigênio está acaban- do”, afirma. Contudo, o novo governo, se- gundo ele, reacendeu esperanças entre agentes econômicos. “Não dá para que- rer que entregue tudo rápido, mas come- çou bem”, diz o economista. O presidente eleito tomará posse com muitas tarefas. Na sua opi- nião, o que precisa ser feito na economia? A gente tem um grande problema de insustentabilidade fiscal. Na área eco- nômica não tem nada mais importante do que isso. Não adianta você ser um atleta e estar pronto para correr se te impedirem de respirar. O déficit vai fa- zer com que, daqui a pouco, o país não consiga respirar. Então não adianta ser um atleta porque, se não puder respi- rar, morre. E é isso que vai acontecer se o Brasil não resolver a questão fiscal. O nosso oxigênio está acabando. E o que pode ser feito para resol- ver isso? Precisamos aprovar uma reforma da Previdência Social, que não é todo o problema, mas é um encaminhamento para resolvê-lo. Isso vai mostrar que o país está no caminho de resolver o pro- blema. Só isso não é o suficiente, mas sem isso não tem jeito. Qual seria o prazo para aprovar essa reforma? A reforma precisa ser o primeiro ato econômico a ser enviado ao Congresso Nacional após a posse do presidente. Há uma tramitação para a proposta que precisa ser respeitada. Afinal, será uma emenda constitucional. Se ela vai ser aprovada em junho ou agosto não im- porta, mas não pode ser muito depois disso. Ao longo do primeiro semestre poderemos ver, claramente, se a pro- posta está caminhando ou não. Um bom ministério e uma boa agenda já mudam bastante uma coisa que hoje está atrapalhando muito o Brasil, que é a falta de confiança. Essas ações vão melhorar muito a confiança das pesso- as e das empresas no país. O entrave para a retomada da atividade está na falta de confiança? Do ponto de vista econômico, o Brasil está prontinho para começar a se recuperar. Ele tem, hoje, uma ocio- sidade muito grande. As empresas fi- zeram um enorme ajuste de custos, o custo financeiro também reduziu e não houve desalavancagem. O que precisa é um pouco de confiança para aumen- tar a demanda. Com isso, as empre- sas vão aumentar o seu faturamento. Só isso? Claro que, ao longo do tempo, se o governo não conseguir entregar, a con- fiança volta a reduzir. Como estamos 22 INDÚSTRIA BRASILEIRA OUTUBRO 2018 CAPA

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