Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 3 | nº 28 | novembro 2018

AMEAÇA DE INVASÃO Mesmo sem abrir economia, presença de importados cresce, enquanto exportações não decolam trazer danos graves ao setor pro- dutivo nacional. Em artigo publica- do no fim de outubro, o presidente da Confederação Nacional da Indús- tria (CNI), Robson Braga de Andrade, alertou, por exemplo, para o aumento do desempre- go. “O raciocínio de quem defende a abertura uni- lateral embute um erro: pensar que a baixa pro- dutividade do Brasil é re- sultado do custo das im- portações”, escreveu. A indústria tem privi- legiado a agenda de acor- dos comerciais. Por envol- verem longos processos de negociação, os acor- dos envolvem concessões recíprocas entre os países envolvidos, numa agenda complexa que vai de comércio a investimen- tos, de forma a promover abertura progressiva e acompanhada de me- didas estruturadas para os seto- res mais afetados. Os tratados in- ternacionais também dependem de aprovação pelo Congresso Nacional, o que confere previsibilidade e esta- bilidade aos pactos. “Uma abertura radical vai, sim- plesmente, quebrar uma parte da in- dústria. Não precisa ser gênio para entender isso.”, observa Welber Bar- ral, ex-secretário de Comércio Exte- rior e sócio da consultoria Barral M. Jorge. “É entregar de bandeja. A em- presa brasileira enfrenta custos de produção que não existem em países no mesmo nível de desenvolvimen- to que o brasileiro. O Brasil, quando comparado, com o México, por exem- plo, é um desastre.” Em outras palavras, a abertu- ra radical exporia o se- tor produtivo à concor- rência de mercadorias estrangeiras produzi- das em países que não carregam o peso dos componentes do Cus- to Brasil. As empresas brasileiras, por exem- plo, enfrentam o mais complexo sistema tribu- tário do mundo, no qual são necessárias 1.958 horas para se pagar os impostos. Num compa- rativo feito pela CNI, em que analisa o desempenho brasileiro frente a 17 economias concorrentes no mercado global, o Brasil perma- neceu em penúltimo lugar, posição que ocupa desde 2012. “Não há notícias de medida do tipo ter ocorrido em qualquer país “Uma abertura radical vai, simplesmente, quebrar uma parte da indústria. Não precisa ser gênio para entender isso” Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da consultoria Barral M. Jorge. *PARTICIPAÇÃO DOS IMPORTADOS NO CONSUMO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO 10 15 20 25 30 15,3 18,2 18,8 21,2 19,3 19,4 18,7 17,4 16,3 15,3 17,0 2007 2009 2008 2010 2011 2013 2012 2015 2014 2017 2016 COEFICIENTE DE PENETRAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES* COEFICIENTE DE EXPORTAÇÃO COEFICIENTE DE INSUMOS INDUSTRIAIS IMPORTADOS 22,5 23,5 24,0 27,9 27,4 27,4 26,0 24,7 23,4 22,4 25,2 18,0 18,3 19,0 18,4 14,4 15,1 15,1 14,1 13,6 14,9 16,8 Fonte: Coeficientes de abertura comercial – Ano 8 – Número 2 20 INDÚSTRIA BRASILEIRA OUTUBRO 2018 CAPA

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