Revista Indústria Brasileira

Essa nova realidade é reflexo da velocidade com que algumas tendências se impuseram. Segundo o analista de competitividade do Sebrae Nacional, Gus- tavo Reis, questões como o e-commerce, o crescimen- to do delivery e o teletrabalho já estavam no radar dos empresários, mas a pandemia colocou essas mudan- ças na ordem do dia. “Implementar essas inovações no menor prazo possível acabou se tornando uma questão de sobrevivência para muitas empresas”. De fato, os hábitos de consumo do brasileiro mu- daram nos últimos meses. Levantamento realizado pela Infobase Interativa mostra que 13% da população fizeram sua primeira compra online em virtude das medidas restritivas impostas pela pandemia de coro- navírus. Entre os que já tinham esse hábito, 24% au- mentaram suas compras pela internet. Esse crescimento também foi mapeado pelo Se- brae. “Mesmo no contexto de crise, percebemos que as empresas que já tinham investido em plataformas de venda online e de entrega conseguiram se adaptar mais rapidamente e, emmuitos casos, tiveram aumen- to das vendas”, conta Gustavo Reis. Outra tendência antecipada é o home office. Pesquisa da ISE Business School constatou que, passado o choque inicial, 80% dos gestores afir- maram gostar da nova forma de trabalhar. Em en- trevista ao Estadão Conteúdo , Cesar Bullara, dire- tor e professor do departamento de gestão de pessoas do ISE, garantiu que a nova realidade veio para ficar. André Miceli, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), con- corda. Ele calcula em 30% o percentual de crescimento do trabalho remoto após o fim da pandemia. “A necessidade mostrou a muitas empresas que a prática é possível, mesmo quando o trabalho pre- sencial for retomado”, acredita Frederico Marchiori, da Oxiteno. Se internamente as empresas estão diante de desafios relacio- nados a aspectos como gestão e inovação, no que se refere ao mer- cado externo o cenário muda consideravelmente. O histórico de barreiras comerciais impostas pelas nações mais desenvolvidas em períodos pós-crise, associado às incerte- zas sobre a reabertura dos mercados, ganha contornos um pou- co mais complexos diante de uma crise global que afetou os pa- íses em momentos distintos. “Tem uma questão relevante que é o fato de as economias saí- rem de forma dessincronizada da crise”, pontua Diego Bonomo, ge- rente-executivo de Assuntos Internacionais da Confederação Nacio- nal da Indústria (CNI). “Assim como a pandemia atingiu primeiro a Ásia, depois a Europa e, na sequência, as Américas, a crise eco- nômica seguiu o mesmo roteiro”. ▲ Gustavo Reis, do Sebrae, recomenda às empresas fazerem ajustes no menor prazo possível por uma questão de sobrevivência 32 Revista Indústria Brasileira ▶ julho 2020 ▼ Competitividade

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