Revista Indústria Brasileira

O resultado dessa falta de sincronia, segundo Bo- nomo, é que os países que tiveram a pandemia primei- ro e conseguiram controlar vão sair primeiro da crise econômica. “Isso representa um desafio porque, teori- camente, as empresas desses países terão mais chan- ces de ocupar espaços que antes eram preenchidos por empresas localizadas nos países que ainda estão no início do processo de retomada”. CONFIANÇA Apesar do cenário desafiador que se apresenta, o gerente da CNI não acredita que vá ocorrer um pro- tecionismo generalizado, mas sim barreiras em seto- res específicos. Além disso, ele chama a atenção para a percepção de dependência da China por parte de vários países, o que resultou em demanda social para que governos forcem a produção local de alguns pro- dutos, favorecendo a indústria nacional. Com 30% da receita líquida formada por exporta- ções a partir do Brasil, a fabricante de carrocerias de ônibus Marcopolo vivenciou uma retração de 19,4% no primeiro trimestre de 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior. Embora não tenham ocorri- do cancelamentos de pedidos, houve redução na de- manda em mercados tradicionais da América do Sul, como Chile, Peru e Argentina. Ainda assim, o diretor de Estratégia e Negócios Internacionais da empresa, André Armaganijan, explica que a desvalorização do real fez com que o produto nacional ficasse mais competitivo e abrisse novas oportunidades de exportações para o continente africano. “Em rela- ção à América do Sul, nossa expectativa é de que a recuperação seja gradual e aconteça nos últimos meses deste ano”, diz Armaganijan. Com um modelo de negócios diversificado, as Empresas Ran- don mapearam dois potenciais cenários em virtude da crise: um de redução mais amena da comercialização dos seus produtos e outro mais severo. De acordo com o CEO das empresas, Daniel Randon, esses cenários levaram em consideração aspectos como as dinâmicas de todos os negócios, questões de saúde e suas re- percussões na capacidade produtiva, decretos governamentais, incentivos governamentais, desvalorização da moeda, estraté- gias comerciais focadas, entre outros. “Passados os meses mais críticos de abril e maio, estamos mais confiantes de que o cenário de redução mais moderada prevalece- rá para este ano. Com toda a injeção de estímulos na economia do- méstica e também em todas as grandes economias do mundo, além da possibilidade mais real de uma vacina para a Covid-19, acredita- mos que teremos um 2021 mais normal e robusto”, prevê o CEO. ■ ▲ “Passados os meses mais críticos de abril e maio, estamos mais confiantes de que o cenário de redução mais moderada prevalecerá para este ano”, diz Daniel Randon, CEO do grupo Randon 33 Revista Indústria Brasileira

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