Revista Indústria Brasileira

Para evitar esse bloqueio de inovações no ensino profissional, o Conselho Nacio- nal de Educação (CNE) aprovou, por unani- midade, em meados de maio, as novas Di- retrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional e Tecnológica , que, até o início de junho, ainda aguardavam ho- mologação do MEC para entrar em vigor. REDUÇÃO DA BUROCRACIA O texto traz grandes mudanças que be- neficiarão diretamente o setor produti- vo brasileiro. Atualmente, a aprovação de um novo curso pelo MEC demora, em média, quatro anos. Com as novas dire- trizes, as instituições de ensino poderão abrir imediatamente um curso experi- mental. Após autorização e reconheci- mento do Conselho Estadual de Educa- ção, ele pode entrar automaticamente no catálogo de cursos oficiais da instituição. A necessidade de reformas para as di- retrizes curriculares da educação profis- sional e tecnológica ficaram ainda mais evidentes quando as novas diretrizes do ensino médio foram aprovadas, em 2018. “Além de reduzir a burocracia para a for- mulação de cursos, e assim atender com maior agilidade a indústria, as novas di- retrizes normatizam toda a educação pro- fissional e tecnológica”, explica Rafael Lucchesi, membro do Conselho Nacio- nal de Educação, diretor-geral do Servi- ço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e superintendente-geral do Ser- viço Social da Indústria (SESI). Segundo ele, “antes existiam duas di- retrizes, uma para a educação técnica de nível superior e outra para a educação de nível médio, mas elas não olhavam para a qualificação técnica”. Agora, diz Luc- chesi, “o CNE decidiu integrar tudo, pas- sando a ter uma lógica mais coerente e abrangente, que vai desde os cursos de qualificação básica, como o de padeiro e o de carpinteiro, até programas de mes- trado e doutorado profissional, tudo na mesma diretriz”. Rafael Lucchesi, que também é diretor de Educação e Tecnologia da Confedera- ção Nacional da Indústria (CNI), partici- pou ativamente das propostas aprova- das pelo colegiado do CNE e comemora os efeitos esperados das novas diretri- zes. “Será possível estruturar itinerários formativos de modo a abater créditos de um curso técnico de nível médio para um curso de tecnólogo, seguindo exemplos do que já acontece em diversos países, como a Alemanha”, explica. Na avalia- ção da CNI, as novas diretrizes avançam em direção a um ensino mais moderno e conectado com as transformações que A gente cursava a modalidade presencial e teve que migrar para o ensino a distância. A princípio pensei que essa mudança não daria certo, mas deu” ▲ José Félix Sobrinho estudante do curso Técnico em Eletrotécnica no SENAI do Distrito Federal ▶ “Será possível estruturar itinerários formativos de modo a abater créditos de um curso técnico de nível médio para um curso de tecnólogo”, explica Rafael Lucchesi, que representou a indústria na discussão da reforma das diretrizes curriculares 44 Revista Indústria Brasileira ▶ junho 2020 ▼ IEL

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