Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 39 | novembro 2019

O futuro do trabalho passa pelo futuro da educação REINALDO NORMAND AS CINCO maiores empresas de tecnologia do mundo (Google, Mi- crosoft, Apple, Amazon e Facebook) valem, juntas, mais de R$ 18 tri- lhões, ou quatro vezes e meia o valor de todas as 328 empresas bra- sileiras listadas na nossa Bolsa de Valores (B3). Essas cinco empresas geram, anualmente, mais de R$ 500 bilhões em lucro líquido.  As grandes empresas de tecnologia e as startups do setor passa- ram a competir em setores como indústria, comércio, entretenimen- to, finanças, farmácia, transporte e turismo. Essa nova realidade, que se consolidou nos últimos dez anos, é propagada pelo aumento ex- ponencial do poder da computação e pela consequente sofisticação do software disponível em computadores, servidores e smartphones.  Nos dias atuais, softwares utilizando inteligência artificial fa- zem com que carros consigam dirigir sozinhos, foguetes pousem na Terra depois de lançados ao espaço, computadores façam me- lhores diagnósticos do que médicos e novos compostos sejam des- cobertos na indústria farmacêutica em frações de custo e tempo. E isso é apenas o começo.  As indústrias tradicionais, mergulhadas nas atividades de seu dia a dia, não viram que seus negócios estão sendo completamente transformados. Em uma década, a maioria das empresas que dese- jar manter sua competitividade terá, inevitavelmente, que se trans- formar em uma empresa de software. Com essa nova realidade, é notório que o perfil dos candidatos requeridos pelo mercado está mudando radicalmente.  Em minha experiência treinando jovens para o futuro, aqui no Vale do Silício, vejo que o modelo tradicional começa a se esgotar. As empresas não querem apenas jovens das melhores universidades ou que tenham feito mestrado ou doutorado, e sim aqueles que tenham a cabeça aberta e que sejam mão na massa. Nessa nova era domina- da por softwares, onde tudo muda muito rápido, mais importante do que uma grife ou performance acadêmica, é a capacidade do jo- vem de resolver problemas, aprender a aprender, trabalhar em equi- pe, tirar lições rápidas dos erros, ter poder de concisão e saber ven- der o peixe internamente ou para o mercado (o famoso storytelling ).  Há uma clara disrupção acontecendo diante de nossos olhos e mo- delos tradicionais de colégios ou universidades tendem a não mais atender aos anseios do mercado, já que o conhecimento mudou da academia, dos livros e da internet para a cabeça dos profissionais que estão ativos e resolvendo problemas em suas respectivas áreas.  ■ ▲ CEO e cofundador da Innovalab 46 Revista Indústria Brasileira ▶ novembro 2019 ▶ A opinião de articulistas convidados não necessariamente reflete à da CNI. ▼ Outra visão

RkJQdWJsaXNoZXIy MjE3OTE0