Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 34 | Junho 2019

Precisamos mudar nossa relação com a tecnologia MARCELA GONÇALVES ▲ diretora de desenvolvimento empresarial da Multiledgers ▶ A opinião de articulistas convidados não necessariamente reflete à da CNI. ▼ Outra visão HÁ diversos fatores que emperram a forma como a indústria inter- naliza a inovação de um modo geral. Estamos passando por gran- des transformações de cenários devido a mudanças cognitivas para a era digital. Tais mudanças nos trazem uma nova forma de rela- ção com a tecnologia, com a organização e com o mercado. Nossas bases de pensar e agir ainda estão em estruturas analógicas, sen- do a revolução digital baseada em estruturas de convergência, ex- ponenciais e movidas pelo propósito. Dentro dessa nova estrutura, a indústria deve se preparar para o uso das redes e das plataformas digitais que ampliam as possibi- lidades de inovação. Conhecer e entender esse novo caminho, tra- zer para dentro da indústria, é o primeiro passo.   O brasileiro, em sua essência, é um povo inovador, que conse- gue arranjar solução onde nenhum outro conseguiria, como ir além de suas limitações e propor novas formas de execução. O problema que vemos em muitos casos é saber estruturar essa ideia para ser viável ao mercado. Ao mesmo tempo, é necessário que se internalize na indústria o conceito de experimentar, falhar rápido e aprimorar. Uma das barreiras à inovação é essa baixa aderência a correr ris- cos. No Brasil, demoramos muito a começar a falar sobre a indús- tria 4.0 e a mudança para transformação digital, enquanto na Ale- manha já se discute esses modelos há muito tempo. Dentro desse novo cenário tecnológico, a velocidade das mudanças é exponen- cial, o que acarreta um grande descolamento dos demais países lí- deres dessa revolução, tornando difícil alcançá-los. São necessários um aumento na utilização dos polos de inova- ção que vêm ligando empresas ao meio científico, um alinhamento maior entre esses atores e uma ação mais efetiva dentro do merca- do brasileiro. Acho que esses polos podem crescer ainda mais como celeiros mais propícios à experimentação, com menor regulação. Aumentar a utilização da Lei do Bem alinhada à nova Lei das Star- tups pode ajudar nisso.  Nosso maior desafio para essa nova era é em torno da capaci- tação. Não adianta promovermos leis que ajudem na inovação se não investirmos em mão de obra mais qualificada. Acredito que, se quisermos mudar o rumo, o caminho é investir em um alcance maior e em melhoria na educação, não apenas nos próximos qua- tro anos, mas com uma visão de longo prazo. Tudo que foi feito até agora ainda foi pouco; temos que investir mais e todos, como so- ciedade civil, devem ter essa pauta como primária.  ■ 46 Revista Indústria Brasileira ▶ junho 2019

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