CASO DE SUCESSO
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REVISTA
SESI/SENAI
EDUCAÇÃO
CRÔNICA
Leila Ferreira
É dentro desse espírito que adotamos o
hábito de conciliar – ou forçar a convi-
vência de – atividades que normalmen-
te exigem atenção. Dirigir falando ao
celular; ler com a TV ligada; responder
e-mails enquanto engolimos o lanche da
noite; coordenar uma reunião atenden-
do ao celular a cada cinco minutos.
Multitarefas? É o nome que se dá a
essa capacidade de somar peras e ba-
nanas – que, para alguns, é virtude,
para outros, loucura. Carl Honoré lem-
bra que as pesquisas mais recentes
vêm demonstrando que nosso cérebro
não é tão bom em multitarefas quanto
pensávamos. Podemos até fazer várias
coisas ao mesmo tempo, mas a chance
de fazê-las bem é mínima. E o desgaste
produzido por esse malabarismo men-
tal costuma ser imenso.
“A velocidade vicia”, adverte Honoré. E,
como todo vício, pode trazer prejuízos
para a saúde. Estimulados pelo ritmo e
pelas possibilidades da tecnologia, temos
tentado imprimir às nossas vidas uma
aceleração que, quase sempre, se traduz
em irritabilidade, ansiedade, cansaço e,
acima de tudo, uma intolerância imensa
com nossos próprios limites e com o rit-
mo mais lento de outras pessoas.
Querer fazer tudo às pressas, ou tudo ao
mesmo tempo, tem nos roubado de nós
mesmos. Voltar a fazer uma coisa de
cada vez, quando for possível, pode soar
banal, mas nos deixa mais próximos da
tão sonhada qualidade de vida. Viver
com o pé no acelerador, como se tudo
fosse “para ontem”, é castigar o presen-
te e – o que é pior – pode comprometer
nosso futuro.