Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 3 | nº 28 | novembro 2018

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado Rennó diz que o presidente eleito tem respaldo das urnas para fazer avançar sua agenda legislativa conhece a Câmara e seus meandros. Seria importante ter um aliado des- se tipo para um governo que deverá ter muitos membros sem experiência no Poder Executivo, que deve passar por uma renovação bastante gran- de dos quadros. Isso tem seus cus- tos do ponto de vista da experiência e do aprendizado. Então é positivo que se tenha aliados na Câmara com essa experiência no funcionamento da Casa, para que auxiliem, inclusi- ve, nesse processo de negociação. Cabe lembrar que o presidente elei- to também é um deputado experien- te. Apesar de não ter sido liderança na Câmara, entende com ela funcio- na. Ele vai ter um papel importante dentro desse processo de negocia- ção. Vindo com a votação que teve, o presidente tem um respaldo das ur- nas que é significativo. Isso aconte- ce sempre no começo de mandato de governos. O representante que aca- ba de ser eleito tem sempre aque- le período de lua de mel, que alguns falam ser de três meses. Esse é um período muito propício para um pre- sidente conseguir avançar sua agen- da em alguns aspectos. A grande renovação da Câmara poderá facilitar as negociações? Com algumas exceções, o políti- co novato normalmente assume uma posição de menos projeção, de atua- ção mais discreta. Até porque ainda está aprendendo como é o exercício do cargo, está se ambientando na Câma- ra. De certa forma, esse novato acaba facilitando o trabalho dos líderes dos partidos, porque eles acabam toman- do as decisões e os políticos da base acompanham. Ter um grande número de novatos facilita a vida do Executivo e torna mais fácil a adesão desses par- lamentares às lideranças partidárias. E a situação no Senado Federal? Apesar da renovação histórica, a situação aqui é mais complicada porque a Casa tende a ser compos- ta por lideranças com mais experiên- cia nos diferentes partidos e o grau de fragmentação partidária também é muito grande. O jogo no Senado ain- da deve ser controlado pelos partidos mais tradicionais e a influência de Bol- sonaro deve ser um pouco mais miti- gada devido ao poder desses partidos. Contudo, dado o rito legislativo no Bra- sil, de início da tramitação das propos- tas do Executivo na Câmara, onde a votação já foi negociada e a proposta segue para a casa revisora com uma legitimidade significativa, isso restrin- ge um pouco a margem de manobra que os senadores podem ter. Não é que inviabiliza a mudança, mas, como é uma Casa revisora, ela teoricamen- te ofertaria menos problemas, uma vez que a questão já teria sido pacificada e votada na Câmara dos Deputados. É fato que o Senado pode gerar mais di- ficuldades para o Poder Executivo por conta do maior poder dos partidos tra- dicionais, mas houve um processo de renovação significativo, com políticos em início de mandato dispostos a con- versar com o Executivo, que tem con- trole sobre orçamento e cargos. OUTUBRO 2018 INDÚSTRIA BRASILEIRA 25

RkJQdWJsaXNoZXIy MjE3OTE0