Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 3 | nº 26 | Setembro 2018

ARTIGO DO PRESIDENTE A maior crise econômica da nossa história recente, cujos efeitos ainda se fazem sen- tir, trouxe o flagelo do desemprego para mais de 13 milhões de brasileiros. O ritmo fra- co da recuperação não afastou dos demais tra- balhadores o temor de perder os empregos que conseguiram manter nos últimos anos. Esse gra- ve problema social é um dos temas mais impor- tantes neste momento em que os eleitores se preparam para escolher, nas urnas, o próximo pre- sidente da República, além de governadores, se- nadores e deputados. Para combater o fechamento de vagas e per- mitir uma nova oportunidade para quem está sem colocação no mercado de trabalho, o governo que toma posse em janeiro deve adotar as medidas apropriadas. É preciso dar prioridade ao cresci- mento sustentado. Sem que sejam retomadas as condições para os investimentos públicos e das empresas privadas, com o necessário reequilíbrio do orçamento da União e a melhora generalizada do ambiente de negócios, dificilmente o desafio será enfrentado com sucesso. A redução dos gastos públicos com a máqui- na administrativa, o corte de desperdícios e privi- légios, a melhor gestão dos programas e a indis- pensável reforma da Previdência Social teriam um efeito múltiplo. Além de garantir a credibilidade da política fiscal de longo prazo e, em consequência aumentar a confiança de empresários e consumi- dores, o controle das despesas correntes abriria espaço para que o governo concentrasse esforços em elevar o nível de investimentos em infraestru- tura, que é muito baixo. Novos programas nas áreas de transporte (ro- dovias, ferrovias, portos, aeroportos e mobilida- de urbana, por exemplo), energia elétrica, petró- leo e gás, e saneamento teriam a capacidade de A PRIORIDADE É O EMPREGO Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Foto: Miguel Ângelo / CNI contribuir para tornar a economia mais dinâmica e apta a atingir um nível de expansão mais ade- quado às necessidades do país. Com o fim de se atingirem melhores resultados, os projetos de in- fraestrutura devem contar com a participação das empresas privadas por meio de concessões ou par- cerias com o setor público. O governo também precisa se dedicar a retirar os obstáculos ao crescimento. Várias iniciativas po- dem ser tomadas, como a desburocratização geral dos investimentos e das exportações, a facilitação para a abertura de empresas e a simplificação do sistema tributário. O atual regime de cobrança de impostos resulta em um pesado ônus às compa- nhias, que precisam se adaptar a um número ab- surdo de obrigações fixadas em códigos, leis, de- cretos, portarias e instruções normativas do Fisco nos três níveis de governo. Num ambiente de crescente automação, inteli- gência artificial e inovação disruptiva, a educação de excelência e a boa qualificação profissional tam- bém se constituem em requisito fundamental para o aumento do nível de emprego. Nisso, as ações do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Na- cional de Aprendizagem Industrial (Senai) contri- buem enormemente para capacitar os trabalhado- res brasileiros a não só enfrentar com sucesso os novos tempos, mas também a evoluir com as mu- danças que ainda virão. Os diagnósticos foram feitos e os caminhos estão traçados. O trabalho será árduo. Seja quem for eleito presidente da República neste ano, o Brasil não pode desperdiçar mais uma chance de retomar a via do desenvolvimento e atacar o de- semprego, que despedaça tantos sonhos de uma vida melhor para os trabalhadores e suas famí- lias. Sigamos confiantes. SETEMBRO 2018 INDÚSTRIA BRASILEIRA 7 6 INDÚSTRIA BRASILEIRA SETEMBRO 2018

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