Revista Indústria Brasileira

Alguns números no azul, mas semestre no vermelho INDICADORES INDUSTRIAIS DE JULHO APONTAM NA DIREÇÃO DA RECUPERAÇÃO EM TODOS OS CINCO FATORES QUE COMPÕEM O ÍNDICE, DEPOIS DO RESULTADO MUITO NEGATIVO NO 1º SEMESTRE DE 2020 Há uma unanimidade entre economistas de todo o mundo: o atual cenário repleto de in- certezas impossibilita previsões a longo pra- zo. Afinal, ninguém poderia imaginar uma pandemia e muito menos tão intensa, dura- doura e com reflexos em todos os setores. A indústria, aos poucos e com uma série de adaptações para garantir a segurança dos trabalhadores, começa a se recuperar, como mostram os mais recentes Indicadores Indus- triais , divulgados pela Confederação Nacio- nal da Indústria (CNI) no início de setembro. O faturamento real do setor cresceu 7,4% em julho e as horas trabalhadas na produ- ção subiram 4,5% na comparação com ju- nho. “A atividade industrial continuou em trajetória de recuperação no mês, passan- do a reverter a maior parte da queda acu- mulada em março e abril e retornando ao patamar pré-pandemia”, detalha o estudo. Apesar da recuperação dos últimos me- ses, a indústria fechou as contas do 1º se- mestre do ano no vermelho. O faturamen- to real no acumulado entre janeiro e junho ficou 7,1% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, enquanto as horas trabalhadas caíram 9,1% nos seis primei- ros meses em relação aos mesmos meses de 2019. Se as horas de produção caem, a ociosi- dade segue elevada. A Utilização da Capaci- dade Instalada (UCI) aumentou 2,9 pontos percentuais em junho, após alta de 1,8 p.p. em junho. Apesar do aumento dos três úl- timos meses, a UCI encontra-se em 75,4%. Já a análise do 1º semestre de 2020, com- parada ao mesmo período de 2019, mostra que a UCI média ficou 4 pontos percentuais abaixo, apontando aumento da ociosidade neste ano. EMPREGO E SALÁRIO O emprego, contudo, seguiu sem reação em julho, ao registrar queda de 0,2% em re- lação a junho. No acumulado dos seis pri- meiros meses do ano, no qual foram regis- tradas quatro quedas consecutivas causadas pela pandemia do novo coronavírus, houve uma redução de 2,4% em relação ao mesmo período de 2019. A massa salarial paga aos trabalhadores da indústria e o rendimento médio, por sua vez, também caíram em julho: 1,7% e 2,4%, respectivamente, após registrarem aumen- to no mês anterior. De acordo com o estu- do da CNI, as altas registradas em junho e as posteriores quedas em julho “podem ser explicadas pelo fim de acordos de suspensão do contrato de trabalho e/ou pela redução da jornada de trabalho e dos salários”. No acumulado do primeiro semestre de 2020, a massa salarial ficou 5,8% inferior à paga no primeiro semestre do ano passado, enquan- to o rendimento médio caiu 3,5%, se com- parado aos primeiros seis meses de 2019. ■ 36 Revista Indústria Brasileira ▶ setembro 2020 ▼ Termômetro econômico

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