Revista Indústria Brasileira

10 Revista Indústria Brasileira ▶ setembro 2020 ▼ Capa geoposicionamento via satélite (GPS) e uma série de ferra- mentas que orien- tam as várias etapas da produção agrí- cola, permite dis- tribuir uniforme- mente as sementes. Esse tipo de equipa- mento é um exem- plo de como a in- dústria, por meio do desenvolvimen- to de novos produ- tos, pode contri- buir para proteger o meio ambiente da ação agropecuária, com o aumento da pro- dutividade sem ampliação da área agricul- tável e a redução do dano ambiental com uso de produtos ecológicos. Na avaliação do economista Antonio Márcio Buainain, professor da Universi- dade de Campinas (Unicamp), quando se analisa o papel da indústria e das relações intersetoriais, fica claro que ela é ainda um motor relevante, com participação sig- nificativa na geração de empregos formais diretos, no próprio setor, e indireto, nos demais setores, como também na arreca- dação de tributos. “Enganam-se aqueles que pensam que um país da dimensão do Brasil pode ser sustentável sem uma in- dústria forte e competitiva. Sem uma in- dústria competitiva, é impossível o aden- samento das cadeias produtivas”. Segundo ele, “a indústria precisa, an- tes de mais nada, de uma economia orga- nizada, com regras claras, com horizonte de solução adequado para os principais obstáculos sistêmicos que reduzem sua competitividade, passando pela questão logística, pelos custos de energia e pelas relações de trabalho”. Apesar do ambiente desfavorável para inovação no Brasil, ele afirma que a indústria contribui para o de- senvolvimento de uma grande variedade de sementes e para a expansão do conhe- cimento a partir de pesquisas em parceria com instituições públicas de ensino e com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope- cuária (Embrapa). José Carlos Hausknecht, sócio diretor da MB Agrícola, explica que a indústria tem um papel importante na cadeia de su- primentos, por meio da produção fertili- zantes, defensivos agrícolas e maquiná- rio. “Hoje, o produtor precisa de máquinas com GPS, com uma série de equipamentos que permitam monitorar e aumentar a efi- ciência na aplicação dos insumos. Há um conjunto de novos defensivos, que estão sendo desenvolvidos para controlar pragas e doenças, e de novos fertilizantes, mais eficientes e com capacidade de promover e aumentar a eficiência da produção”, con- ta Hausknecht. SINERGIA O especialista ressalta, ainda, o pro- cessamento de alimentos como um elo produtivo e sinérgico importante entre a indústria e a agropecuária. “É o caso do frigorífico, que vai abater os animais e processar a carne, seja de frango, bovina ou suína. Vai produzir para fazer esse pro- duto chegar ao consumidor de uma ma- neira que seja atraente, que tenha qua- lidade, que atenda às necessidades do consumidor”, explica. Além disso, a tec- nologia desenvolvida pela indústria per- mite a produção de biocombustível e bio- diesel, combustíveis renováveis e menos poluentes, contribuindo para um ecossis- tema produtivo mais sustentável. Por isso, diz Hausknecht, “não adianta pensar só no setor agrícola”. “A gente tem realmente que ter um pensamento de ca- deia, porque beneficiando qualquer elo dessa cadeia, acaba aumentando a efici- ência da produção. Não adianta você ter uma área agrícola muito forte se você não tem uma indústria de insumos por trás, que vai apoiar essa produção agrícola, se ▲ Equipamentos industriais reduziram em 80% o de calcário e em 50% o de fósforo, aumentando a produtividade e protegendo o meio ambiente, diz o engenheiro agrônomo e produtor rural Cássio Kossatz, da K2 Agro

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