Revista Indústria Brasileira

A opinião de articulistas convidados e convidadas não necessariamente reflete a da CNI. ▼ Outra visão O “novo normal” na indústria MARCELO GODINHO Com a flexibilização do isolamento social, a atividade econômica voltou a se intensi- ficar e, com ela, as dúvidas sobre como li- dar com o novo normal. Nas fábricas, que seguiram em funcionamento commedidas de segurança, a discussão agora é como ir além da retomada do trabalho presencial e aproveitar o contexto de mudanças para pensar o pós-pandemia. Ainda estamos lu- tando contra a Covid-19, mas quem apro- veitar o presente para planejar o futuro terá uma grande vantagem nessa transição. Uma das mudanças que se tornou re- alidade é o teletrabalho. É pouco prová- vel que todos trabalhemos para sempre de casa, porque somos seres sociais, sentimos falta das nossas interações coletivas, mas ampliar a oferta dessa possibilidade é um caminho sem volta. Basta que estejamos atentos à sua carga negativa, como o ex- cesso de trabalho, para aproveitarmos to- dos os seus efeitos benéficos. Nossa produção também mudou. Com a pandemia, as cadeias de suprimentos passaram por um teste de resiliência e precisaram inovar. Já havia um questio- namento sobre aproximar os fornecedores e a ruptura da cadeia durante a crise mos- trou que era preciso repensar a metodolo- gia utilizada. Essa conversão de impacto, a tecnologia e a geopolítica fomentaram a discussão de modelos mais inteligentes para a gestão da cadeia, com uso de analy- tics e Internet das Coisas. Essa discussão também é percebida nas unidades fabris. A automação comprovou, mais uma vez, o essencial: é ela que possi- bilitará o crescimento da produtividade, a melhoria do produto e as reduções de cus- to. Empresas que tinham investido em au- tomação conseguiram manter a operação com mínimo de efetivo e baixo risco. Naturalmente, não existe uma fórmu- la para retomar os negócios, pois cada se- tor foi afetado diferentemente. No mercado imobiliário, por exemplo, antes a tendên- cia eram apartamentos menores, como stu- dios . Com as pessoas passando mais tem- po em casa, dividindo espaço e afazeres, há uma busca por locais mais amplos. É nes- se sentido que a indústria tem que reposi- cionar seu portfólio e também o seu canal de vendas para o meio digital. Empresas não podem perder o foco do seu propósito. É natural que várias com- panhias tenham tomado decisões radicais em curto prazo, mas elas não podem ser a regra. Nosso olhar tem que ir além para avaliarmos diferentes cenários de retoma- da da economia e traçarmos estratégias para cada um deles. Estamos em ummomento de ressignifi- cação do trabalho, no qual só irá prosperar quem não tiver medo da transformação. ■ ▲ Sócio-líder de consultoria em Gestão de Pessoas da EY. 46 Revista Indústria Brasileira ▶ julho 2020

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