Revista Indústria Brasileira

Para ela, a inovação é uma estratégia fundamental para que a indústria seja competitiva, mas também é uma estraté- gia fundamental para que o país se desen- volva. “Os países mais desenvolvidos são os que dão prioridade à inovação e aqui tem vários exemplos que podem ser da- dos: Estados Unidos, China e Israel. Essa importância está nas políticas públicas ro- bustas de longo prazo, nos instrumentos de política econômica, nos investimen- tos em pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos. Esses países reconhecem que a inovação é fundamental para forta- lecer a indústria e o seu desenvolvimen- to”, conta Gianna Sagazio. À frente de uma entidade que reúne em- presas farmacêuticas, cuja inovação já foi incorporada à cultura organizacional, Eli- zabeth de Carvalhaes afirma que a pande- mia impôs uma nova dinâmica ao mundo. “Autoridades tiveram que acelerar proces- sos e aceitar novos modelos que vão desde repensar seus países até suas relações com mercados internacionais. A tecnologia pas- sará a avançar commuito mais agilidade, a ponto de antecipar inovações futuras”, diz a dirigente da Interfarma. Segundo ela, a pandemia da Covid-19 impactou praticamente todos os setores da economia em diversos países, trazen- do uma nova dinâmica nas relações políti- co-econômicas, na geopolítica, nas regras de mercado, no modelo de trabalho e até mesmo nas relações interpessoais. Especi- ficamente na área de saúde, conta Elizabe- th, “as relações paciente-médico poderão ter modelos mais modernos, mais ágeis em relação à telemedicina e à bula eletrônica. Na inovação farmacêutica, o setor atingiu novos patamares, principalmente porque a cura da Covid-19 virá da ciência”. Norberto Prestes, da Abiquifi, lembra que a inovação pode estar em qualquer eta- pa do processo produtivo, desde a criação de um produto inédito até a melhoria das linhas de produção. “Essas inovações im- pactam, principalmente, na competitivida- de e no posicionamento do setor ou da em- presa. Estar na vanguarda também é muito mais lucrativo, pois a empresa se torna uma referência para os clientes”. Ele destaca que a pandemia da Covid-19 deixou ainda mais clara a importância da inovação para redu- zir a dependência externa no setor farma- cêutico e em outros segmentos. Segundo ele, “a maior deficiência brasi- leira está na baixa produção de insumos far- macêuticos estratégicos”. É necessário am- pliar, portanto, os investimentos em P&D, inovação e infraestrutura, diz. “A indústria de medicamentos já está estruturada no país e é extremamente competente. Agora é o momento de investirmos nos insumos far- macêuticos para minimamente produzir- mos o que é mais essencial no país”, defende o executivo. “Nunca seremos 100% autôno- mos. Ainda compraremos de fornecedores chineses e indianos, mas 90% de dependên- cia é muito arriscado e durante a pandemia ficou evidente que é necessário reestruturar o setor”, alerta Norberto Prestes.  Igor Calvet, presidente da Agência Brasi- leira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), diz que o baixo investimento público e pri- vado, aliado à má qualidade da educação, está entre os gargalos para a inovação no Brasil. Entre as medidas para elevar a ino- vação, ele cita três: aumentar os recursos públicos nos estágios iniciais de descober- ta de soluções inovadoras, aprimorar a qua- lificação profissional e fortalecer a compe- tição nos mercados. ■ “ Estar na vanguarda também é muito mais lucrativo, pois a empresa se torna uma referência para os clientes” ▲ Norberto Prestes presidente-executivo da Abiquifi 14 Revista Indústria Brasileira ▶ julho 2020 ▼ Capa

RkJQdWJsaXNoZXIy MjE3OTE0