Revista Indústria Brasileira

Redes privadas e a Quarta Revolução Industrial do 5G no Brasil CÉSAR MATTOS E IGOR CALVET A REDE 5G é, hoje, a tecnologia com maior capacidade de me- lhorar a competitividade no setor produtivo e terá papel cen- tral na transformação digital da economia e da sociedade. Em meio à pandemia do coronavírus – com impactos ainda impre- visíveis na economia –, a nova rede, a se concretizar entre 2020 e 2021, representa um horizonte promissor para a recuperação do País. As repercussões serão positivas para a remodelagem dos negócios em setores como indústria, varejo, serviços, saú- de e agricultura. A tecnologia fornece conectividade, com alta largura de ban- da e baixa latência, não apenas entre pessoas, mas principal- mente entre “objetos” (máquinas, equipamentos, dispositivos), a chamada Internet das Coisas ( IoT) . Essa ampla conectividade entre objetos incrementará, de forma transformadora, a pro- dutividade por meio de uma melhoria substancial da coorde- nação do processo produtivo, flexibilizando linhas de produ- ção e alterando completamente as formas de entrega de bens e serviços. Segundo pesquisa da Capgemini, depois da compu- tação em nuvem, o 5G é a principal porta de entrada para a di- gitalização das empresas. Entretanto, o 5G pede um modelo regulatório diferente. Em proposta feita à consulta pública da Agência Nacional de Tele- comunicações (Anatel) para o leilão de 5G, apresentamos a pos- sibilidade de alocação de espectro para redes privadas, como já acontece em alguns países. O regulador na Alemanha reservou 100 MHz de espectro na banda 5G principal para licenciamen- to de empresas privadas. Suécia, Holanda, Dinamarca, Bélgica e França têm realizado consultas públicas acerca da adoção de redes privadas nos próximos leilões de 5G. No Brasil, a Consulta Pública da Anatel não tratou da utili- zação em redes privadas. Uma solução seria usar a faixa de 3.7 a 3.8 GHz, como a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) também já sugeriu ao órgão regulador. Embora existam dificuldades técnicas e insegurança jurídica para a alocação do espectro para uso privado, consideramos essa perspectiva essencial. Não à toa, o advento do 5G é par- te importante no desenvolvimento da 4ª Revolução Industrial. Contudo, para que a tecnologia cumpra seu potencial revolu- cionário, é fundamental uma regulação adequada com lugar de destaque para as redes privadas. ■ ▲ César Mattos – Secretário de Advocacia da Concorrência e Produtividade do Ministério da Economia ▲ Igor Calvet – Presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) 46 Revista Indústria Brasileira ▶ maio 2020 ▶ A opinião de articulistas convidados não necessariamente reflete à da CNI. ▼ Outra visão

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