Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 32 | Março 2019

por dia. Em vez de os currículos serem li- dos pelas pessoas, o uso da inteligência ar- tificial poderia localizar os currículos mais adequados para a vaga a partir dos atribu- tos que a empresa esteja procurando nos candidatos. Com isso, haveria uma redução no tempo para identificação dessas pesso- as. Esse processo pode ser feito também na área industrial como a do petróleo, na qual a leitura de alguns documentos e dados exi- ge um tempo enorme de geólogos para ana- lisar imagens tridimensionais. Vale ainda para os médicos que ganham tempo ao ana- lisar tomografias, por exemplo, reduzin- do o volume de informações que precisam ser avaliadas e ajudando a focar em outros aspectos. A inovação ajuda a resolver es- ses tipos de gargalo que hoje muitas indús- trias têm. ▶ Como a inteligência artificial pode me- lhorar também as cidades e a vida das pessoas? Hoje já existem diversas áreas nas cidades em que a inteligência artifi- cial está presente. Há, no mundo, mais de 2.000 projetos de cidades inteligentes. E você pode segmentar isso em áreas espe- cíficas como mobilidade, segurança, edu- cação e saúde. Depende do que for respon- sabilidade da cidade. Um bom exemplo é auxiliar os motoristas por meio de dados para criar políticas de bloqueamento que evitem ou reduzam o trânsito ou a polui- ção em lugares específicos. ▶ De que maneira isso pode ser feito? A China tem um grande projeto para criar um sistema que usa a sensorização para con- trolar trânsito e poluição. Em São Paulo, por exemplo, o rodízio de carros foi criado para controlar trânsito e poluição em regi- ões centrais da cidade. Mas algumas cida- des querem fazer isso de forma dinâmica. Se a poluição está aumentando e você está vendo esse cenário, pode enviar alarmes para as empresas que estão naquela área para que diminuam a produção, o que aju- da a controlar o problema. Com isso, você tem um sistema que é autônomo, que está sentindo o problema na cidade, proces- sando as informações e, a partir disso, orientando a diminuição da produção em fábricas que geram um poluente específi- co. Isso permite uma gestão minuto a mi- nuto em vez de uma gestão baseada numa política pré-definida e que pressupõe ser sempre constante. ▶ Isso torna a solução de problemas mais dinâmica? Sim, traz muito mais dinamis- mo. Se você olhar hoje como os semáforos funcionam, eles tendem a funcionar sempre com um fluxo de tempo de abertura e fecha- mento previamente determinado. Se você pudesse controlar o tempo de abertura e fe- chamento baseado na observação do fluxo de carros num determinada rua, você pro- veria um dinamismo muito maior do que se continuasse sempre no mesmo tempo. Esse exemplo pode ser extrapolado para vários processos. Com isso se aproveita melhor os recursos que já existem. Isso pode se apli- car na área de energia, iluminação pública e segurança pública. Se nós temos, por exem- plo, uma chuva muito forte, faz mais senti- do termos um controle de fluxo de trânsito mais dinâmico, que é até preventivo. ▶ E o uso da Internet das Coisas na indús- tria e nas cidades, como pode funcionar? Também já usamos a Internet das Coisas nas cidades. O monitoramento por meio de câ- meras, por exemplo, já é usado na área de segurança, mas a ideia é usar cada vez mais informações da cidade em movimento. Se você tiver pessoas dispostas a permitir um zoneamento anônimo baseado em celula- res, por exemplo, será possível saber quan- tas pessoas estão entrando num ônibus ou saber onde o ônibus, que tem equipamento de GPS, está localizado. Em alguns países, essa discussão está sendo feita porque per- mite informar a alguém que está num deter- minado ônibus que sua conexão com um de- terminado trem vai atrasar e que talvez fosse mais interessante descer daqui a 500 metros e pegar um outro ônibus ao invés de seguir em frente para pegar um trem que vai de- morar. Todo esse conjunto de informações vai ter dois benefícios: um de gestão mais eficiente e outro de transmissão de experi- ência ao cidadão muito melhor, porque ele está sendo informado e ajudado a não per- der tempo. ■ 31 Revista Indústria Brasileira

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