Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 32 | Março 2019

▶ Quais as prioridades legislativas neste ano? Do meu ponto de vista é o pacote anti- crime e anticorrupção. Do ponto de vista do governo, a reforma da Previdência Social. ▶ Como avalia as perspectivas de aprova- ção dos dois? Do pacote anticrime há um processo maior, até porque a quantidade de parlamentares que têm essa bandeira é mui- to grande. São 304 na Frente Parlamentar de Segurança. A questão da reforma da Previ- dência tem um fato positivo, uma vez que há um consenso dos deputados de que é neces- sário fazer essa reforma. E há uma avalia- ção de que o texto apresentado pelo gover- no é bom. O problema que temos hoje é de relacionamento do governo com o Congres- so, mas isso é possível de ser acertado até a data da votação, prevista para junho na Câ- mara dos Deputados. Então dá tempo de a gente acertar esse relacionamento. ▶ Há outros temas importantes na agenda econômica como a reforma tributária, o li- cenciamento ambiental e omarco regulató- rio do saneamento básico. É possível avan- çar emtodos eles? Na ordemde importância, acho que a reforma tributária seria a tercei- ra mais importante, depois da Previdência e do pacote anticrime e anticorrupção, mas há outros projetos relevantes. Não vamos ficar o ano todo discutindo apenas esses três pro- jetos. Questões ambientais e do marco regu- latório também estão na agenda legislativa e devem ser votadas ao longo deste ano. ▶ No caso da reforma tributária, há uma proposta praticamente pronta para redu- zir o número de impostos e simplificar o recolhimento. É possível votar alguma coi- sa em 2019? Não quero fazer uma previsão, mas a linha é a simplificação. Queremos ten- tar fazer uma tributação mais justa e redu- zi-la para diminuir o custo Brasil, que hoje encarece demais nossos produtos. O reco- lhimento de tributos é muito complexo e precisa ser simplificado. Hoje, algumas em- presas têm mais pessoas na parte de paga- mento de impostos do que na de produção. Isso precisa ser modificado e simplificado. A proposta discutida na legislatura passada avançou, mas a composição da Câmara dos Deputados mudou, com 287 novas pessoas commandato. Então, ainda precisamos sa- ber como será a aceitação desses novos par- lamentares sobre essa mudança de tributos. ▶ Na área trabalhista tivemos, no final de 2017 e começo de 2018, uma reforma que flexibilizou a contratação de mão de obra. Ainda há mudanças a serem feitas nessa área? Sim, com certeza. Há um alinhamen- to muito grande de parlamentares com o presidente Bolsonaro no sentido de flexi- bilizar ainda mais as regras trabalhistas. Não adianta ter muitos direitos e não ter empregos. Então é preciso ter menos di- reitos e mais empregos, na linha do que é adotado nos Estados Unidos. Aqui no Bra- sil sabemos que há uma dificuldade de as pessoas em abrirem uma empresa e con- tratarem pessoal, uma vez que o custo é elevado. Portanto, é preciso ir na linha de menos direitos e mais empregos. ▶ Sobre licenciamento ambiental, o que pode ser feito? O objetivo é termos regras que protejam o meio ambiente, mas que não atrapalhem o agronegócio e o cresci- mento das cidades. ▶ O PSL, partido do presidente Bolsona- ro, conta hoje com apenas 55 deputados na Câmara. Como um dos vice-líderes do governo, com o senhor avalia as perspecti- vas de construir uma base sólida de apoio a propostas como a do licenciamento am- biental? Ainda há um ajustamento a ser fei- to entre o Executivo e o Legislativo. Estamos trabalhando na Câmara para acertar isso. É nítido e claro que ainda não há uma consoli- dação desse apoio ao governo. Sequer temos uma base definida, ao contrário da oposi- ção, que tem uma base muito bem definida. O PSL por enquanto está sozinho. Foi o úni- co partido que declarou apoio ao governo. Ainda estamos trabalhando na construção dessa base. É uma fase de diálogo e acredito que conseguiremos acertar isso em breve. Os projetos começam a entrar no plenário para votação e precisamos ter uma base con- solidada para sabermos quantos votos tere- mos e não corrermos o risco de pautar pro- jetos importantes e perdermos a votação. ■ 23 Revista Indústria Brasileira

RkJQdWJsaXNoZXIy MjE3OTE0