Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 31 | Março 2019

Trabalho terá modelo cada vez mais flexível POR ANA CARLA FONSECA O trabalho sempre existirá, mas o formato como conhecemos hoje vai mudar radi- calmente. São duas vertentes. Uma delas sobre o modelo de trabalho, que já vem mudando e vai mudar de maneira ainda mais vertiginosa, e outra com relação às próprias ocupações que serão extintas ou que vão surgir. Há estimativas indicando que 5% das ocupações como as conhecemos hoje de- vem desaparecer. Até 2030, segundo um estudo de 2017 do McKinsey Global Insti- tute , 60% das ocupações terão até 30% das suas funções automatizadas. Todas as ocupações serão impactadas de alguma maneira, emmenor ou maior grau. Nesse cenário vão surgir modelos de trabalho cada vez mais flexíveis, cada vez mais por projetos e cada vez mais móveis. Isso em função de que trabalhamos crescentemente com a capacidade criativa. As profissões mais mecanizáveis vão desaparecer em função das novas tecnologias, assim como aquelas baseadas em atividades repetitivas. Gestores de inteligência artificial, decodificadores de genoma e aquelas pro- fissões que exigemmais relacionamento com as pessoas vão ter mais espaço nos próximos anos. As habilidades do futuro incluem inteligência emocional, gestão de times, criatividade e flexibilidade cognitiva, entre outras essencialmente hu- manas. Essas habilidades serão necessárias em todas as profissões. No Canadá, por exemplo, um grupo de médicos da região francófona perce- beu que a área ativada do cérebro para combate à depressão é a mesma ativada por atividades de bem-estar, como contemplar uma obra de arte. Então, parte do tratamento utilizado lá em alguns casos passou a ser levar o paciente a museus. Essa expansão de horizontes vai fazer com que as pessoas, por mais especializa- das que sejam, bebam em várias fontes. O trabalhador do futuro tem de reconhecer, primeiro, que a empresa não será responsável por sua carreira e que o governo tampouco será, de modo que o pró- prio indivíduo é que deverá se fazer responsável. Há estimativas de que as pessoas que estão chegando hoje ao mercado de trabalho irão desenvolver até cinco pro- fissões ao longo de sua carreira. Portanto, é fundamental para os trabalhadores do futuro ter a capacidade de estar constantemente aprendendo. E aprender inclui incorporar conhecimentos de outras áreas, mas também descobrir coisas inusitadas. Será preciso ser capaz de fazer, no futuro, conexões improváveis, o que amplia a necessidade de conhe- cimento diversificado. As pessoas precisam voltar a ser curiosas porque isso é o que move essa bus- ca pelo diferente. Devem ser capazes de ter uma flexibilidade de raciocínio para estabelecer conexões entre coisas que hoje não estão tão evidentes e também têm que ser resilientes. Já as empresas terão de melhorar sua capacidade de li- dar com a diversidade presente na sociedade. Omundo será mais complexo, mas mais interessante. ▲ Consultora internacional e diretora da Garimpo de Soluções ▶ A opinião de articulistas convidados não necessariamente reflete à da CNI. ▼ Outra visão 46 Revista Indústria Brasileira ▶ março 2019

RkJQdWJsaXNoZXIy MjE3OTE0