Revista da Confederação Nacional da Indústria | Ano 4 | nº 30 | Fevereiro 2019

Então seria aperfeiçoar um sistema que já está dando certo? Sim. Precisamos pensar duas vezes antes de fazer mudanças e redu- zir recursos de algo que está funcionando. Agora, tem de buscar eficiência no Sistema S. Por mais que funcione bem, a gente tem algumas reclamações. Por isso, a transpa- rência é fundamental. Como o senhor vê a importância do siste- ma S para a qualificação da mão de obra? O governo busca a qualificação, mas qua- se tudo que o governo faz não funciona. Na educação pública não funciona. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Em- prego (PRONATEC), que aprovamos aqui, só funcionou no Sistema S. O projeto original era funcionar só em escola e faculdade pú- blica, mas não deu certo. De uma maneira geral, o governo não tem sido muito ou nada eficiente na formação profissional. Tem de ter muito cuidado para não mexer nesse sis- tema sem ter uma alternativa concreta que tenha garantia de que vai funcionar. Falar simplesmente em corte é precipitado. Tem de saber o que fazer, porque mudar aquilo que possa comprometer o que está sendo bem feito hoje para a educação é prejudi- cial. O mercado precisa hoje de gente qua- lificada, então tem que ter cuidado para não destruir o que já funciona. Qual outro ponto é importante destacar para entrar nessa discussão do Sistema S? Lembro que essa proposta não é nova. No governo do PT tentaram fazer isso, para pe- gar parte desse recurso para o PRONATEC. Tirar de um lugar para colocar em outro que não funciona já é um problema. Tem que fa- zer uma auditoria da utilização dos recur- sos. Saber se estão sendo usados correta- mente. Eu acho que não deve mexer. Sei que tem muita coisa para alterar, mas tem que tomar muito cuidado para não afetar o que está funcionando bem hoje, que é o caso da formação profissional. Como senhor vê o papel de fomento cul- tural realizado pelo sistema S? Acho im- portante. A gente sabe que o SESI e o SESC têm a parte cultural, que também é válida. Além da qualificação profissional, o Siste- ma S também tem a parte social. Antes de mudar a distribuição de recursos do siste- ma, acho que o governo precisa primeiro cortar na carne. ■ A revolução industrial em andamento, co- nhecida como indústria 4.0, precisará cada vez mais de trabalhadores com boa forma- ção profissional, como a ofertada pelo Sis- tema SESI-SENAI. Na opinião do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), “essa discussão não pode ser feita apenas de ummodo pontual. Tem de ser uma análise global. O que você percebe que funciona hoje é a formação profissional por meio do Sistema S. Se você tenta destruir a única coisa que está funcio- nando, acaba complicando mais”, afirma o parlamentar, que chegou a ser cotado para o Ministério da Educação. Como o senhor vê a discussão atual para reduzir encargos sobre folhas de salários? Sempre achei essa questão muito distorcida, porque quem quer emprego não pode one- rar quem vai contratar, então isso já deve- ria ter sido desonerado há muito tempo. Não pode ser de uma forma desordenada como a presidente Dilma Rousseff fez e trouxe um problema seríssimo para a Previdência. Eu defendo a desoneração total da folha, então tem que achar uma compensação. Por isso a reforma tributária é fundamental. O senhor acha que é possível fazer a deso- neração semantes discutir a questão fiscal? Eu acho possível. Omaior problema das em- presas é a falta de segurança jurídica. Em ou- tros governos aprovaram a desoneração, de- pois mudaram de novo e isso causa perda de credibilidade e confiança. A economia fun- ciona com confiança e segurança jurídica. Para fazer tem que ser algo definitivo, não tem como fazer as coisas de forma precipi- tada e sem análise técnica como um todo. Como o senhor vê a discussão sobre alte- rações no Sistema S, responsável por me- lhorar a qualificação profissional dos tra- balhadores? Essa discussão não pode ser feita apenas de ummodo pontual, mas tem que ser uma análise global. O que você per- cebe que funciona hoje é a formação pro- fissional por meio do Sistema S. Se você tenta destruir a única coisa que está funcio- nando, acaba complicando mais. Evidente- mente tem que ponderar essa questão, ver se todas as confederações e áreas do siste- ma estão funcionando, porque pode haver distorções. A questão é fiscalizar e manter o controle dessas atividades. 23 Revista Indústria Brasileira

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