Revista Indústria Brasileira

23 Revista Indústria Brasileira o volume de comércio e o volume de ser- viços. Ao longo de abril, dada a magnitu- de e multiplicidade de choques negativos observados na atividade econômica, nota- mos impactos em diversos setores, o que demandou um estudo específico. Que dados são coletados? O IBGE desenvol- veu uma gama de produtos para contribuir no entendimento dos impactos da pande- mia na sociedade. Essa pesquisa, de natu- reza experimental, tem o objetivo de iden- tificar e acompanhar a evolução de alguns dos principais efeitos da pandemia nas em- presas, principalmente as de pequeno por- te. Ela se baseia num questionário de res- posta rápida, com perguntas qualitativas, dirigido a um conjunto de empresas de di- ferentes tamanhos, segundo o número de pessoas ocupadas, espalhadas no território e representativas dos setores de indústria, construção, comércio e serviços. A primeira edição da pesquisa mostrou que a pandemia do novo coronavírus teve um impacto negativo sobre os negócios. Que dados o senhor destacaria? Nessa pri- meira edição, as empresas compararam a si- tuação percebida na primeira quinzena de junho ao período anterior ao início da pan- demia. Os resultados mostraram que, entre 2,7 milhões de empresas em funcionamen- to, 70% reportaram que a pandemia teve um impacto geral negativo sobre o negócio. Por outro lado, algumas afirmaram que a pan- demia trouxe oportunidades, com um efeito positivo. Por segmento, o maior percentual de empresas em que a pandemia teve efei- to negativo estava no setor de serviços, se- guido por indústria, construção e comércio. E como ficou a produção? Em relação à produção, 63% das companhias tiveram di- ficuldade de fabricar produtos ou atender clientes, 29,9% relataram não ter havido alteração significativa e 6,9% informaram que tiveram facilidade, mas a maior parte das empresas teve dificuldades para reali- zar pagamentos de rotina. Nossa estimati- va, com base na pesquisa, é que cerca de 1,2 milhão de empresas em funcionamen- to adiaram o pagamento de impostos desde o início de março, sendo que mais da me- tade considerou ter recebido apoio do go- verno na adoção dessa medida. Em relação à indústria, quais são os da- dos pesquisados? Foram investigadas em- presas de diferentes segmentos industriais e tamanhos, localizadas de forma espalha- da no território. Os resultados estimados foram apresentados de forma agregada e mostraram que os impactos negativos fo- ram percebidos por cerca de 73% das em- presas industriais, até o final da primei- ra quinzena de junho. Entre os problemas apontados estão percepção de redução nas vendas, maior dificuldade na capacidade de fabricar produtos e dificuldades em acessar fornecedores de insumos e matérias-pri- mas em decorrência da pandemia. Isso fez com que seis em cada dez empresas indus- triais reportassem, também, dificuldades para honrar pagamentos de rotina. Como ficaram as vendas industriais?- Na primeira rodada, referente à primeira quinzena de junho, em comparação ao pe- ríodo pré-pandemia, 65,3% das empresas industriais apontaram que a Covid-19 cau- sou queda nas vendas, ou seja, é um indi- cador de incidência de empresas com di- minuição de vendas e não de redução na escala das mesmas. As empresas tiveram dificuldade de aces- so a crédito mais barato? Foi identificada dificuldade de acesso a uma modalidade específica, que foi o crédito emergencial para pagamento da folha salarial, mas o custo do crédito para as empresas, prin- cipalmente para pequenos e médios em- presários, não é um problema que surgiu com a pandemia. ■

RkJQdWJsaXNoZXIy MjE3OTE0