Revista Indústria Brasileira

A hora da retomada DIFERENTES ESTUDOS MOSTRAM QUE A INDÚSTRIA JÁ DÁ SINAIS DE RECUPERAÇÃO. PARA A CNI, PIOR MOMENTO PODE TER FICADO PARA TRÁS De um semestre promissor para um dos piores já registrados para a indústria na- cional. A pandemia do novo coronavírus pegou a todos de surpresa. Sete em cada dez empresas perderam faturamento e mais da metade das indústrias registrou queda da produção, segundo a Sondagem Especial: Impacto da Covid-19 na Indústria , divulgada em maio pela Confederação Na- cional da Indústria (CNI). No entanto, após um período de gran- des perdas e pessimismo, o cenário come- çou a mudar segundo diferentes estudos realizados pela entidade. Na indústria da construção, após a grave queda de mar- ço e abril, os números de maio, apesar de mostrarem ainda uma piora, registraram menor intensidade que os meses anterio- res. Já a confiança do empresariado ini- ciou leve retomada, como observado em outro estudo publicado pela CNI no fim de junho, o Índice de Confiança do Empresá- rio Industrial (ICEI). Segundo a pesquisa, a confiança subiu em 29 dos 30 setores da indústria pesquisados. De acordo com o gerente-executivo de Economia da CNI, Renato da Fonseca, tudo indica que o pior já passou e que o Brasil terá, agora, uma recuperação gra- dual. “Nossa expectativa é que a gente es- teja no caminho da retomada. Claro que a indústria e o consumidor continuarão mais cautelosos enquanto não houver uma vacina eficaz”, lembra ele. O otimismo para o segundo semestre é compartilhado por Roberto Fiamenghi, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais, Petroquímicas e Resinas Sintéticas de Ca- maçari, Candeias e Dias D’Ávila (Sinpeq), na Bahia. “A gente nota sinais de melhora no setor químico; ainda assim, sabemos que muitas indústrias vão virar o ano no prejuí- zo e a recuperação dessa crise deve ocor- rer durante o ano de 2021”, diz Fiamenghi, que também é diretor de Relações Institu- cionais do Grupo Unigel, maior produtor latino-americano de acrílicos e estirênicos. CAPITAL DE GIRO O cenário de incertezas, entretanto, di- ficulta projeções mais assertivas. A CNI tem trabalhado com diferentes cenários para 2020, que vão de queda na economia do país de 0,9% até 7,3%. No entanto, se- gundo a Confederação, as inúmeras me- didas apresentadas pelo governo federal suavizaram as consequências negativas ocasionadas pela pandemia. “A taxa do desemprego formal não cresceu significativamente por causa de medidas acertadas do governo, como as mudanças na legislação trabalhista, que possibilitaram a realização de acordos. O problema que deve ser focado agora é a dificuldade de acesso ao capital de giro”, afirma Renato da Fonseca. ■ 36 Revista Indústria Brasileira ▶ julho 2020 ▼ Termômetro econômico

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