Revista Indústria Brasileira

complicado? Internamente nós já tínha- mos uma consciência coletiva da neces- sidade de reformar o sistema tributário que é tão complexo, cumulativo e que im- pacta negativamente o setor produtivo e que cria, sem dúvida nenhuma, um au- mento do Custo Brasil, fazendo com que o nosso país perca competitividade. Por essa razão, viabilizou um cenário em que os próprios entes federados (União, esta- dos e municípios) e o setor produtivo de maneira geral, inclusive a própria indús- tria que foi afetada no país durante os úl- timos anos por falta de uma política clara, concordam com a necessidade de se apro- var a reforma tributária. Com qual cronograma o senhor trabalha? Estamos focados naquilo que é obrigação do parlamento brasileiro. Apresentamos o plano de trabalho na comissão mista, com a previsão de votar a proposta no dia 5 de maio e encaminhar em seguida para vota- ção em plenário. E a votação no plenário da Câmara e de- pois no Senado? Primeiro vamos cum- prir o calendário da comissão mista. Ló- gico que esse calendário sendo cumprido, vamos ter um avanço muito significativo porque isso representa o entendimento das duas Casas em um texto único, o que vai facilitar a sua aprovação tanto na Câ- mara quanto no Senado. Cumprido o de- safio de convergir os textos, teremos uma possibilidade muito boa de rapidamente votar nas duas casas. Acredito que possa ser aprovada ainda no primeiro semestre. Como estão as conversas com o ministro Paulo Guedes (Economia) sobre a pro- posta do Executivo? Estamos conversa- mos desde o ano passado com o minis- tro Paulo Guedes e a sua equipe para que o governo possa apresentar a sua propos- ta, seja em forma de projeto de lei ou de sugestão. O ideal seria a formalização de uma proposta que pudesse ser discutida na comissão mista. Já solicitei alguns da- dos para efeitos de cálculo e estamos ten- do reuniões periódicas também com a equipe da Receita Federal. A ideia é que a gente possa não ser prejudicado no ca- lendário em função de não ter ainda, no dia de hoje, uma proposta (do Executivo) enviada à comissão mista. O senhor já tem ideia de qual é o melhor caminho de discussão? Nesse momento, temos que respeitar a comissão que está discutindo exatamente isso. Iniciamos o debate e fizemos a participação na pri- meira audiência da professora Rita de La Feria, uma especialista que ajudou exata- mente na transição desses regimes de sis- tema tributário complexo para os de im- postos de valor agregado que existem no mundo todo. Então o debate foi muito pro- dutivo e, a partir dele, vamos intensificar o trabalho da comissão para que, em um tempo mais célere possível, nós possamos ter de fato um texto construído em um am- biente tão complexo como este do sistema tributário que temos hoje. Há alguma possibilidade de se aprovar um imposto similar à antiga CPMF? Não vejo nenhum espaço para isso no parla- mento brasileiro. E a redução de carga tributária sobre fo- lha de pessoal? Desde que o governo indi- que qual fonte se vai usar para promover a desoneração da folha, sou um defensor da medida. Nós temos uma carga tributá- ria na folha de pagamento que é extrema- mente excessiva. Além de ser excessiva, talvez seja a tributação mais cumulativa que temos na folha de pagamento. Vamos estudar, com responsabilidade, possíveis fontes de financiamento, mas temos hoje um quadro fiscal que não está resolvido. Estamos vivendo uma crise econômica que é aguda e não sabemos ainda por quan- to tempo perdurará e nem o efeito dela no ano de 2020. Temos muitas variáveis, internas e externas, que, se combinadas, podem resultar em um ano de muita difi- culdade para o país. Temos que ter a res- ponsabilidade para não tomar medidas em uma reforma que possam comprometer o equilíbrio fiscal no nosso país. ■ 23 Revista Indústria Brasileira

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